Tempos de conspiração (capítulo 26)

-Droga, eu preciso dar um fim nesse inútil.
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Lorde saiu da sala puxando o soldado Montezuma pelos braços e o levou até a sala de experimentos, ele sabia que poucos tinham acesso aquela sala, além dele, somente o Dr. Macabbeus. Trancou a porta com o seu cartão eletrônico e saiu sem deixar suspeitas. Seu rádio tocou:
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-Lorde, alguma novidade na busca dos alvos? -Macabbeus perguntou.
-Não senhor, nenhum novidade.
-Tudo bem. E os preparativos da ogiva?
-Estou em progresso senhor. Em breve estará concluído.
-Seja mais rápido. Convoque o soldado Montezuma para agilizar o processo. Ele é de confiança.
-Creio que não seja necessário senhor, estou na fase final.
-Como quiser, só quero que termine no prazo! Câmbio, desligo.
-Ufa!
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Lorde soltou um suspiro de alívio. Agora teria um pouco mais de tempo para seus planos.
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Eu posso ver o horizonte amarelo e vermelho enquanto o sol aos poucos vai descendo para concluir seu ciclo diário. Percebo que cada minuto que passa, apesar de ser horrenda a sensação, nós estamos vivos. Isso é uma vitória nesses tempos, tempos conspiração. Você olha aos lados, só vê poeira, mato, solidão. Ninguém a quem pedir ajuda, só a amizade é que nos resta, só ela até agora nos manteve vivos. As lembranças de outrora agora são menos frequentes, a maturidade veio de modo grosseiro para nós, a transição da adolescência alegre e positiva para a idade adulta de trevas e devastação. O que era uma noite de prazeres saudáveis torna-se agora uma realidade cancerígena de dor.
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-Presta atenção na pista, Baixinho, está aí olhando para o horizonte é? - Zé me alertou
-Eu tava aqui viajando no horizonte. Mas estou atento Zé, pode deixar. Como está o Fred aí atrás?
-Ele está bem, ainda dorme muito.
-Que bom. Eu estava aqui pensando, quando chegarmos em Minas, podemos descansar um pouco e procurar algum policial pela cidade. O que acham?
-Eu acho muito perigoso, não podemos mais confiar em ninguém. -Alemão falou.
-Talvez seja uma boa idéia Baixinho, precisamos nos defender, mas acho difícil encontrar alguém, já perdia as esperanças. - Moto lamentou.
-Também não seja assim brother, lembrem da resistência, eles existem e podem ter outros grupos por aí.
-Seria mais fácil eles nos encontrarem do que encontrarmos eles.
-É verdade.
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Moto tinha razão, nem conhecemos direito a Resistência, nunca iríamos encontrá-los. No último encontro eles que nos encontraram e salvaram nossas vidas. Nossa estadia no próximo estado precisava ser proveitosa, a viagem estava desconfortável, com a chegada de Fred o espaço no carro ficou menor. Talvez fosse bom trocarmos o carro, quem sabe uma van? Poderíamos até descansar enquanto viajamos, carregar mais suprimentos. Eu estava confiante de que tudo daria certo, seria necessária disciplina e inteligência. Olhei para cima, a placa dizia:
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"Bem vindos a Vitória da Conquista"
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Sei que estamos perto de Minas, vamos sair da Bahia.
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